A disciplina História do Jornalismo não trata apenas da história, mas também das implicações políticas do jornalismo utilizado nos diversos meios ao longo da história.
Outro ponto a ser discutido é o poder do Jornalismo ao longo da história no Ocidente, por não conhecermos bibliografia do Jornalismo no Oriente.
Este blog serve apenas como suporte da disciplina, não podendo ser utilizado como substituição de aulas e atividades presenciais.
Palavras de Perseu Abramo no
discurso de formatura de alunos do curso de Jornalismo:
"O
maior desafio desta nossa profissão nos dias de hoje é a distância entre a
técnica e a ética. Cada vez mais, avançam as novas tecnologias, a informática,
a telemática, a transmissão por satélites, ondas hetzianas, fibras óticas,
"estradas eletrônicas", infovias, telefone celular, fax, computador,
modem, a internet e outras redes. E, cada vez mais, o poder político e
econômico dos grandes impérios empresariais e multinacionais da comunicação se
concentra em um número cada vez menor de poucas mãos (...) Por isso, peço aos
meus colegas jornalistas que hoje se formam licença para alguns lembretes. Não
se deixem deslumbrar pelas técnicas e pelas novas tecnologias.Elas de nada valem, se não forem utilizadas
com profundo sentido ético e com visão clara de que a imensa maioria da
sociedade, em todos os países, ainda luta para libertar-se da exploração, da
opressão, da desigualdade e da injustiça."
Jeffrey Alexander, sociólogo: ‘Vivemos atualmente numa sociedade da crítica’
Catedrático da Universidade de Yale, nos EUA,
veio ao Rio falar sobre jornalismo e ‘traumas culturais’ no Instituto
de Estudos Sociais e Políticos da Uerj
por Mariana Filgueiras
Jefferey Alexander contraria o senso comum e afirma que o jornalismo está mais forte do que nunca
- Guito Moreto
“Estou com 67 anos, sou casado, tenho dois filhos. Um é jornalista em
New Orleans. Sempre estudei o jornalismo sob a ótica da sociologia,
pois acho tão importante quanto o Estado, o poder, a família, a
economia. Poucos sociólogos estudam o jornalismo, que acaba sendo
discutido apenas nas escolas de comunicação” Conte algo que não sei.
Eu poderia dizer que as notícias, o jornalismo em si, e o jornalista,
estão longe de morrer. O jornalismo está mais poderoso que nunca. Por quê? De que forma?
Claro que há muito menos jornalistas e jornais do que havia antes. Os
que falam no fim do jornalismo, no entanto, só observam o ponto de
vista econômico da atividade: o fato de os jornais não terem mais
anúncios que os sustentem. Mas o jornalismo é também uma comunidade de
jornalistas. E jornalistas não são máquinas de gravar entrevistas. Mas o que são?
É uma profissão de pessoas que interpretam os fatos, que fazem
críticas, que comparam, que checam narrativas. Se todos podem publicar
em blogs, os jornais físicos deixam de ser uma condição. Muita gente hoje só lê o que repercute nas redes sociais. Isso não mata o jornalismo?
O número de pessoas comprando jornais está diminuindo tremendamente, é
um fato, e este número vem caindo de geração em geração. Mas isso não
quer dizer que o número de pessoas que leem uma notícia caia também. A
circulação de notícias nunca foi tão intensa.
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Como quantificar isso?
É impossível saber ao certo quantas pessoas leram uma notícia, mas
uma notícia de bairro no Brasil hoje circula em Portugal e nos países
que leem português, assim como uma nota do “El País” circula em toda a
América Latina. O “New York Times” é lido em todo o mundo, quando, na
origem, surgiu para ser lido só pelos cidadãos de Nova York! Do que falam suas palestras?
Exatamente sobre isso que estamos falando. O que é fascinante nesta
crise do jornalismo, por exemplo, e principalmente no jornalismo
cultural, é o que aconteceu com a crítica em geral. Eu estou muito
interessado na maneira como a crítica, muito por conta dos blogs, e há
blogs sobre tudo, hoje em dia permeia tudo. Qual a consequência disso?
Nós vivemos atualmente numa sociedade do consumo, mas também numa
sociedade da crítica. Se você quer ir a um restaurante, ao cinema,
comprar um móvel ou ir a uma exposição, você pode ouvir a opinião de
alguém antes. Qualquer pessoa deveria fazer crítica, de artes inclusive?
Não me refiro à crítica profissional, mas à crítica consumida. Ela
continua sendo crítica. O que observo é que não há mais um controle
centralizado. Seu trabalho fala sobre os “traumas culturais”: como a sociedade demanda tempo para lidar com os eventos.
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Meu ponto é pensar na maneira como os traumas coletivos podem ser
usados para entender os individuais. Traumas como guerras ou o ebola,
que impactam indivíduos. Mas como isso se torna um trauma coletivo? Como
muda ou mina o senso sobre o que somos? Há diferentes maneiras pelas
quais o ebola pode ser interpretado coletivamente. De maneira racista,
por exemplo, como vem sendo. Unindo os dois temas: de que forma o jornalismo hoje se relaciona com esses “traumas culturais”?
As notícias são a mente coletiva da sociedade. O que o jornalista
elege abordar num caso como o ebola é o que constrói ou elucida um
trauma.